domingo, 31 de julho de 2011

Análise semanal ativos bovespa - 01/08 a 05/08/2011

IBOVESPA

TENDÊNCIA DE BAIXA. O IBOV continua em tendência de baixa no semanal, com topos e fundos descendentes. Após formar um topo abaixo do anterior, caminha para formar um fundo abaixo do anterior. Testa o suporte mais importante, nos 58.000. Caso perca este suporte, pode buscar os 48.000, entrando em ums tendência mais forte de baixa. Resistência: 65.000 pontos. Suporte: 58.000 pontos.

USIM5

TENDÊNCIA DE BAIXA. Ainda dentro do trade de VENDA que começou em R$ 17,30. Houve realização parcial nos R$ 16,00 (8% de lucro). O stop da posição remanescente pode ser reposicionado para R$ 14,31, acima do topo anterior (resistência mais próxima). Resistência: R$ 14,25. Suporte: R$ 11,00.

PETR4

INDEFINIÇÃO. Dentro do trade de VENDA com entrada em R$ 25,93. Houve realização parcial ou total em R$ 24,00 (8% de lucro). O stop pode ser reposicionado para R$ 24,01, um pouco acima da resistência anterior. O ativo vem testando importante suporte próximo aos R$ 23,30. Resistência: R$ 24,68. Suporte: R$ 23,30.


VALE5
INDEFINIÇÃO. O ativo formou um fundo levemente acima do anterior e parece formar uma topo acima do anterior. Esperar por uma definição do ativo. Resistência: R$ 48,00. Suporte: R$ 42,40.


ITUB4

TENDÊNCIA DE BAIXASaiu da congestão que se encontrava desde o começo do ano. Rompeu os R$ 33,24 com candle de força (alta amplitude e volume). O ativo entra em tendência clara de baixa. Próximo a testar importante suporte nos R$ 30,00. Suporte: R$ 30,00. Resistência: R$ 35,00.


BVMF3

TENDÊNCIA DE BAIXAPapel com topos e fundos descendentes. Testa importante suporte nos R$ 9,50. Esperar por um topo abaixo do anterior para entrar na VENDA.

Segue atualização de nossa planilha. Os trades em PETR4 e USIM5 continuam em aberto:


Análise feita por Gustavo Garcia

IMPORTANTE: As análises contidas não devem ser consideradas como recomendações de compra ou venda de ativos, tendo como principal objetivo o aprimoramento e difusão dos conhecimentos de Análise Técnica (AT). O leitor deve ter em mente que ele é o único responsável por suas decisões dentro do mercado, levando sempre em conta o risco inerente a este tipo de operação.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Análise Técnica: Tendência - parte I

Um dos principais objetivos da AT é a identificação de tendências. A importância da identificação da tendência está no fato de ser aconselhável que nossas operações estejam em conformidade com a tendência do ativo, ou seja, devemos comprar quando a tendência for de alta e vender quando a tendência for de baixa. A dificuldade de se operar a favor de uma tendência é que este tipo de operação vai de encontro ao que sempre aprendemos: “comprar um ativo assim que ele cair e ficar barato, vendendo quando ele subir e ficar caro”.

Na verdade, os seguidores de têndencia na AT, na maioria das vezes, compram um ativo quando ele está subindo e demonstrando perspectivas de subir ainda mais dentro de uma tendência de alta ou, de forma análoga, vendem um ativo quando ele já caiu o suficiente para demonstrar que entrou em uma tendência de baixa.

Operar a favor de uma tendência é menos arriscado e mais confortável. Tentar prever topos e fundos é a uma das maneira mais rápidas de se perder dinheiro no mercado. Afinal, quando se tenta ser caçador de topos e fundos, costuma-se operar contra a tendência prévia, o que não é aconselhável, principalmente aos iniciantes.
O que significa Tendência?

Tendência é a direção em que o mercado está se movendo. A determinação da tendência, em algumas ocasiões, não é tão simples quanto pode parecer a primeira vista, por este motivo precisamos de critérios bem estabelecidos para que possamos tirar ao máximo a subjetividade de nossas análises. O passo-a-passo da identificação de uma tendência será descrito na segunda parte deste artigo.

Análise Técnica: Tendência - parte I

Um dos principais objetivos da AT é a identificação de tendências. A importância da identificação da tendência está no fato de ser aconselhável que nossas operações estejam em conformidade com a tendência do ativo, ou seja, devemos comprar quando a tendência for de alta e vender quando a tendência for de baixa. A dificuldade de se operar a favor de uma tendência é que este tipo de operação vai de encontro ao que sempre aprendemos: “comprar um ativo assim que ele cair e ficar barato, vendendo quando ele subir e ficar caro”.

Na verdade, os seguidores de têndencia na AT, na maioria das vezes, compram um ativo quando ele está subindo e demonstrando perspectivas de subir ainda mais dentro de uma tendência de alta ou, de forma análoga, vendem um ativo quando ele já caiu o suficiente para demonstrar que entrou em uma tendência de baixa.

Operar a favor de uma tendência é menos arriscado e mais confortável. Tentar prever topos e fundos é a uma das maneira mais rápidas de se perder dinheiro no mercado. Afinal, quando se tenta ser caçador de topos e fundos, costuma-se operar contra a tendência prévia, o que não é aconselhável, principalmente aos iniciantes.
O que significa Tendência?

Tendência é a direção em que o mercado está se movendo. A determinação da tendência, em algumas ocasiões, não é tão simples quanto pode parecer a primeira vista, por este motivo precisamos de critérios bem estabelecidos para que possamos tirar ao máximo a subjetividade de nossas análises. O passo-a-passo da identificação de uma tendência será descrito na segunda parte deste artigo.

Artigo escrito por Gustavo Garcia

domingo, 24 de julho de 2011

Análise semanal ativos bovespa - 25/07 a 29/07/2011

IBOVESPA

TENDÊNCIA DE BAIXA. O IBOV continua em tendência de baixa no semanal, com topos e fundos descendentes. Após formar um topo abaixo do anterior, caminha para formar um fundo abaixo do anterior. Testa suporte mais próximo nos 60.500. Resistência: 65.000 pontos. Suporte: 60.500 pontos.


USIM5

TENDÊNCIA DE BAIXA. Ainda dentro do trade de VENDA que começou em R$ 17,30. Houve realização parcial nos R$ 16,00 (8% de lucro). O stop da posição remanescente pode ser reposicionado para R$ 14,31, acima do topo anterior (resistência mais próxima). Resistência: R$ 14,25. Suporte: R$ 11,00.

PETR4

INDEFINIÇÃO. Dentro do trade de VENDA com entrada em R$ 25,93. Houve realização parcial ou total em R$ 24,00 (8% de lucro). O stop pode ser reposicionado para R$ 24,01, um pouco acima da resistência anterior. O ativo vem testando importante suporte próximo aos R$ 23,30. Resistência: R$ 24,68. Suporte: R$ 23,30.


VALE5

INDEFINIÇÃO. O ativo formou um fundo levemente acima do anterior e parece formar uma topo acima do anterior. Esperar por uma definição do ativo. Resistência: R$ 48,00. Suporte: R$ 42,40.


ITUB4

TENDÊNCIA DE BAIXASaiu da congestão que se encontrava desde o começo do ano. Rompeu os R$ 33,24 com candle de força (alta amplitude e volume). O ativo entra em tendência de baixa e parece fazer um repique. Suporte: R$ 30,00. Resistência: R$ 35,00.


BVMF3

TENDÊNCIA DE BAIXAPapel com topos e fundos descendentes. Testa importante suporte nos R$ 9,50. Esperar por um topo abaixo do anterior para entrar na VENDA.

Segue atualização de nossa planilha. Os trades em PETR4 e USIM5 continuam em aberto:


Análise feita por Gustavo Garcia

IMPORTANTE: As análises contidas não devem ser consideradas como recomendações de compra ou venda de ativos, tendo como principal objetivo o aprimoramento e difusão dos conhecimentos de Análise Técnica (AT). O leitor deve ter em mente que ele é o único responsável por suas decisões dentro do mercado, levando sempre em conta o risco inerente a este tipo de operação.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Época: Está na hora de ficar milionário


Caros leitores,

Na semana passada a Revista Época publicou uma excelente reportagem intitulada "Está na hora de ficar milionário", dos jornalistas Marcos Coronato, Daniella Cornachione e Keila Cândido, com Letícia Sorg.

Trata-se de um texto longo, mas que vale muito a pena. Para acessar a reportagem, clique aqui.

Boa Leitura!

Época: Está na hora de ficar milionário


Caros leitores,

Na semana passada a Revista Época publicou uma excelente reportagem intitulada "Está na hora de ficar milionário", dos jornalistas Marcos Coronato, Daniella Cornachione e Keila Cândido, com Letícia Sorg.

Trata-se de um texto longo, mas que vale muito a pena.

Boa Leitura!


Está na hora de ficar milionário
A economia brasileira passa por uma fase de ouro. Mas ela não vai durar para sempre. Saiba como aproveitá-la

Por Marcos Coronato, Daniella Cornachione e Keila Cândido, com Letícia Sorg.

 
Viajar no tempo é algo bastante comum, ao menos mentalmente. Toda vez que você se recusa a gastar R$ 100 de imediato e guarda o dinheiro para usar depois, participa de uma animada conversa mental com uma entidade que poderíamos chamar de seu “eu futuro”. Poupar significa abrir mão do próprio prazer e dar mais importância ao bem-estar dele, o “eu futuro”. Cada vez que você escolhe gastar logo os R$ 100, está ignorando os apelos dele e garantindo seu prazer imediato. Mas, se seu “eu futuro” não ganha o debate nunca (e você economiza pouco ou nada), é hora de vocês discutirem a relação – e tem de ser agora.

O jogo de convencimento entre as duas versões de você mesmo é uma variação daquilo que os pesquisadores de psicologia econômica conhecem por um nome pomposo: troca intertemporal. É simplesmente abrir mão de um prazer presente para aumentar a chance de ter prazer no futuro. Não se trata de uma invenção tresloucada da mente humana – a natureza faz isso muito bem há eras, como podemos ver em animais estocando alimento e, de maneira bem menos graciosa, em cinturas armazenando gordura. O processo é elegantemente explicado no livro O valor do amanhã, do economista e filósofo Eduardo Giannetti. Como revela a clássica fábula da cigarra e da formiga, poupar de maneira metódica sempre foi uma opção inteligente, para qualquer criatura, em qualquer tempo. Nem sempre, nem em qualquer lugar, porém, é fácil fazer isso. Eis o que há de mais excitante no Brasil de 2011: aqui e agora, está fácil como nunca poupar e enriquecer.

Por que, então, tão poucos de nós conseguem fazer isso? Você está entre esses poucos? Aproveita o momento para poupar e construir um futuro próspero? Ou gasta tudo o que ganha consumindo produtos que, cedo ou tarde, geram arrependimento? Não adianta tergiversar sobre o assunto. É a capacidade raríssima de extrair o máximo de oportunidades como a atual que define os futuros milionários. E a capacidade, também rara, de extrair ao menos boa parte dessa oportunidade define aqueles que, pelo menos, terão um futuro mais tranquilo.

 
Nos últimos anos, psicólogos e economistas têm pesquisado furiosamente a fim de entender o que torna indivíduos e sociedades bons poupadores ou grandes gastadores. Todo interessado pode aproveitar esse conhecimento para entender as armadilhas mentais que criamos para nós mesmos, as recompensas e os temores que nos motivam. “Alguns já têm as características mais favoráveis para lidar com dinheiro – disciplina, controle emocional e facilidade para aprender com experiências”, diz a psicóloga Vera Rita Ferreira, estudiosa de economia comportamental e autora de A cabeça do investidor. “Quem não tem esses predicados precisa percorrer um caminho um pouco mais árduo, mas também pode avançar, com a mudança de comportamento e a aquisição de informação.” Se você não sabe ao certo de que lado está ou se sabe apenas que gostaria de passar do lado dos gastadores para o dos poupadores, encontra-se na companhia da maior parte da população e vai tirar proveito destas páginas (leia as dicas no quadro abaixo) . Se você tem certeza de que já aproveita o período de prosperidade nacional da melhor forma possível, parabéns – mas, ao mesmo tempo, cuidado: uma boa característica para o investidor sensato é não cultivar certezas (teste as suas acima) .

Há uma diversidade de motivos para que um indivíduo bem-intencionado e até bem remunerado não consiga guardar dinheiro. Mas, antes de compreendê-los, é importante entender por que o Brasil de 2011 se transformou numa gigantesca e belíssima oportunidade. O patrimônio de quem poupa costuma crescer ao longo do tempo graças à influência de três tipos de fermento: estabilidade, economia em expansão e juros altos. O primeiro fermento pode existir sozinho, sem os outros dois. O segundo tende a depender do primeiro. O terceiro tradicionalmente atrapalha os outros dois. O Brasil já viveu com apenas um ou dois deles. Pois o Brasil de 2011 conseguiu a proeza de reunir os três simultaneamente.

A estabilidade reduz a chance de que o dinheiro poupado suma, por exemplo, por causa de um confisco. Também permite que se imaginem cenários futuros com mais clareza e que as decisões de todos – empresas e famílias – sejam melhores. O Brasil se tornou mais estável com o avanço da profissionalização e da transparência nos negócios privados e na administração pública e, principalmente, pela inflação em níveis baixos para o padrão histórico. A projeção de inflação em 6,1% para este ano preocupa, se comparada com o que a sociedade deseja e com o padrão abaixo de 4% no mundo desenvolvido. Mas parece uma lagartixa bem fácil de enfrentar, se a compararmos ao dragão de mais de 80% ao mês que atormentou o país antes do Plano Real, em 1994. “Com a inflação que tínhamos, era muito difícil pensar em investimento de longo prazo. Garantir uma boa aposentadoria era virar funcionário público ou ter muitos filhos, para receber cuidados deles na velhice”, diz Marco Antonio Rossi, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada (Fenaprevi). Neste ambiente mais saudável, floresceram opções de investimento variadas e acessíveis, incluindo fundos de ações, fundos imobiliários e planos de previdência privada.

A força da economia em expansão, o segundo fermento, é medida pelo avanço do PIB e do nível de emprego. Ela garante que a maioria dos cidadãos tenha renda e que as aplicações fundamentadas no sucesso de empresas, como ações, tornem-se promissoras. Se as projeções se confirmarem, a produção de bens e serviços finais no Brasil crescerá 3,9% neste ano e 4,1% no próximo, indicadores robustos para um mundo em crise. O nível de desemprego veio deslizando de quase 10% em 2006 para perto de 6% neste ano. “Estamos vivendo uma situação nunca vista. Nos anos 70, no milagre econômico brasileiro, o crescimento ocorria principalmente na construção civil e na indústria pesada”, afirma Luiz Edmundo Rosa, diretor da Associação Brasileira de Recursos Humanos. “Hoje, há uma expansão forte dos empregos em frentes distintas, nos três grandes setores que compõem a economia – o agronegócio, a indústria e os serviços. Todos estão atrás de mais gente.”

A esses fundamentos, soma-se uma variável típica do Brasil: os juros altos. A taxa básica é hoje de 12,25% ao ano, e as instituições financeiras preveem que ela chegará a 12,7% até o fim de 2011 (nos Estados Unidos, essa taxa está perto de zero). Resultado da necessidade de endividamento de um Estado obeso demais e incapaz de se sustentar sem empréstimos, essa taxa é um veneno para quem se endivida. Mas, ao mesmo tempo, é um poderoso fermento no patrimônio de quem poupa – pois esses juros altos ditam o retorno dos investimentos em renda fixa, como fundos DI e títulos públicos comprados pelo Tesouro Direto. A coexistência desses três fatores não basta para dar certeza de enriquecimento a quem investe, mas aumenta a chance de sucesso.

A certeza está no campo contrário: é importante aproveitar ao máximo este momento, porque ele terminará. Como será o fim deste incrível Brasil das oportunidades? Há diversos desfechos possíveis. Ele poderia ser abalado por outra onda da crise global, como calotes da Grécia, de Portugal ou de outros países europeus sob suspeita crescente de seus credores. Poderia ser sacudido por notícias ruins vindas dos Estados Unidos, que parecem retomar um crescimento ainda claudicante. Ou, pior ainda, da China, cuja expansão acelerada se tornou o motor principal no voo do Brasil. Notícias econômicas catastróficas ou apenas ruins no exterior podem facilmente afugentar o capital externo, fundamental para nossa economia. Isso derrubaria a Bolsa, ressecando o crédito e ceifando postos de trabalho – os brasileiros poderiam dar adeus à fase do emprego fácil e da renda segura. Caso o mundo entre numa fase de grandes notícias e tudo corra bem por vários anos para Estados Unidos, Europa e China, ainda teremos nossos próprios problemas a temer. Além do problema crônico da obesidade estatal, sofremos de carências severas em capital humano qualificado e infraestrutura. Tudo isso pode barrar o ritmo de crescimento daqui a alguns anos. Novamente, o resultado seria o cancelamento de projetos e contratações. Uma terceira opção, ainda mais otimista, é que o Brasil não esbarre em obstáculos externos nem internos. Se o mundo sair bem da crise, voltar a crescer, o país resolver seus problemas e seguir em expansão, caminharemos suavemente para um cenário de juros baixos – a realidade que os cidadãos dos países ricos desfrutam faz tempo. Num cenário assim, o fermento mais simples de usar desaparece. Não seria mais possível ganhar dinheiro com as decisões simples da renda fixa. Todos precisariam correr mais riscos, aplicar de maneira mais informada e sofisticada – e estar prontos para errar, como aconteceu com os americanos que concentravam seu patrimônio em imóveis e ações e viram essa riqueza virar pó após a crise das hipotecas. “O Brasil vive um ótimo momento, mas o brasileiro precisa saber que bonança não dura para sempre”, diz o economista Fábio Giambiagi. “Períodos bons, de emprego bombando, podem ser substituídos por fases difíceis. É preciso ter cautela com o futuro.”

Mas seria injusto dizer que o brasileiro não aproveita o banquete à disposição. Ele aproveita, sim – para consumir imediatamente tudo o que puder engolir. Compra carros, roupas da moda, sapatos a preços irreais e viaja para o exterior, onde costuma torrar quase todo o seu dinheiro em badulaques eletrônicos e equipamentos tão úteis quanto um descaroçador de beterrabas. Deve-se admitir que é um estilo de vida sedutor. “Quero viajar pelo mundo inteiro antes de me preocupar com aposentadoria”, diz o gerente de projetos Rafael Rodrigues, de 28 anos.“Poupar para o futuro é algo que não me preocupa. Tenho outras prioridades agora. Ainda sou novo.” Ele já tentou investir em ações, mas se arrependeu. Ficou durante um ano e meio comprando e vendendo papéis e acabou no prejuízo. Ele gosta do que chama de “vícios” – videogames e eletroeletrônicos em geral.


Nem todos conseguem manter um ritmo de gastos compatível com sua renda. A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas passou de 25% para 41% nos últimos cinco anos. Esse comprometimento já deverá passar dos 50% na classe C, segundo afirmaram os consultores de investimentos Paul Marshall e Amit Rajpal em artigo publicado no jornal britânico Financial Times. O tom era de alerta ao mundo sobre o Brasil. Mais recentemente, outro indicador começou a preocupar: a quantidade de dívidas não pagas pelos cidadãos cresceu um terço desde 2009, e a piora acelerou-se no primeiro semestre deste ano. Mesmo nas classes A e B, só um quarto das pessoas diz ter dinheiro sobrando no fim do mês, e nem um terço tem reservas para gastar em emergências. “Antes, as pessoas não tinham poder de compra, agora têm e querem aproveitar”, diz Alcides Leite, professor na Trevisan Escola de Negócios e autor de Brasil, a trajetória de um país forte.

Entre economistas e consultores financeiros, tornou-se lugar-comum classificar os brasileiros como um dos povos mais consumistas do mundo. Essa afirmação parece fazer sentido para qualquer um que viaje para Argentina, Estados Unidos ou Europa – o brasileiro vai consolidando a imagem de comprador ingênuo, de sacoleiro com dinheiro sobrando, vulnerável à conversa mole dos vendedores. “As pessoas começaram a ter acesso a sonhos antes inalcançáveis e se precipitam por isso”, diz Richard Vinic, especialista em marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). “Quando você está no exterior e vê um turista coberto de sacolas, há grandes chances de que ele seja brasileiro.”

A impressão se consolida no mercado de luxo e, principalmente, no mercado de luxo ruim e falso – aquele em que se gasta muito e se adquire pouco em termos de durabilidade, qualidade e utilidade. “O brasileiro quer marca”, diz o consultor financeiro Gustavo Cerbasi, acostumado a argumentar com clientes resistentes em cortar gastos. “O cidadão quer ter um smartphone, mesmo que não vá usar aquela tecnologia. Quer ter um carro grande todos os dias, mesmo que só vá viajar com a família duas vezes por ano. Quer ter, aos 30 anos, a casa que só precisaria ter aos 50.”

 
É verdade que, apesar do endividamento crescente, o crédito ao consumidor ainda é escasso no Brasil. Seu volume se aproxima de 15% do PIB – os países desenvolvidos contam com o dobro disso, pelo menos. Mas a gastança revela um ponto realmente vulnerável de nossa economia: o nível de poupança interna (a soma do que cidadãos, empresas e governo poupam) corresponde a meros 18% do PIB, muito abaixo dos 45% de Cingapura, 35% da Índia e 31% da Coreia do Sul. Vá lá que os asiáticos sejam os campeões imbatíveis da poupança. Mesmo se nos concentrarmos no Ocidente, porém, continuamos perdendo de países como Chile (28%) e México (25%). Estamos bem abaixo da média de 33% dos países emergentes. Só ganhamos mesmo de nações muito pobres e do pequeno grupo dos maiores gastadores do mundo, formado por Estados Unidos e alguns países europeus como Grécia, Portugal e Itália. “Poupar vai contra a natureza humana. Mas podemos lidar com isso – os orientais, pelo menos, aprenderam melhor do que os ocidentais”, diz a psicóloga Vera Rita.

Quem se determina a ser poupador precisa, primeiro, superar instintos básicos. Depois, uma espécie de vocação nacional para o gasto. Essa conquista é difícil, mas possível – afinal, a parcela de brasileiros que não tem investimento nenhum caiu de dois terços para a metade desde 2005, segundo uma pesquisa feita pelo Ibope para a Anbima, a associação das entidades financeiras. Alguns segmentos da população brasileira ilustram ainda melhor esse avanço. Os mais jovens têm surpreendido positivamente. A média de idade dos compradores de planos de previdência cai continuamente: em 2007, era de 37 anos; hoje é de 34. “Começar a poupar aos 40 anos parece má ideia. Poupar desde cedo torna o investimento viável”, diz Elaine Sakai, designer de 24 anos que já tem um plano de previdência. Ela aplica um quarto do salário todo mês e pensa em resgatar o valor investido aos 50 anos. Para evitar a tentação de gastar o dinheiro com outras coisas, pôs a aplicação mensal no débito automático. Mas ela ainda tem dúvidas sobre o plano de previdência e outros produtos. Para ajudar gente como Elaine, Rafael ou você, elaboramos um guia com os obstáculos que podem surgir em seu caminho de investidor – e como superá-los. Se você for gastador, para deixar de consumir tudo o que pode e passar a dividir algo com seu “eu futuro”. Se for poupador, para obter resultados ainda melhores:

• Negação da realidade. O gastador não sabe bem quanto ganha nem quanto gasta. A dificuldade de enxergar o mundo como ele é impede o planejamento. Costuma ser frustrante tentar encarar os números com metas ambiciosas demais, como juntar um terço do salário ao longo do ano. É melhor começar com propostas mais simples e breves – por exemplo, economizar uma pequena quantia ao longo de uma semana.

 
• Retenção. Um poupador pode padecer do impulso de economizar por ansiedade. Embora não traga o risco do endividamento, essa é outra forma de descontrole emocional, como o impulso consumista, e também prejudica o planejamento inteligente. Se esse é seu caso, experimente adotar mais objetivos que não sejam expressos em quantidade de dinheiro, como conquistar tempo livre. Exercite o hábito de ver o dinheiro como meio, não como fim.

• Falsos imprevistos. O gastador bem-intencionado costuma ensaiar alguma organização e, em seguida, abrir mão do esforço, diante de imprevistos. Ele afirma que sempre surgem motivos sérios para gastar. O acaso não costuma colaborar com as boas intenções. Apenas 15% dos brasileiros das classes A e B dizem ter conseguido poupar no mês anterior – e a regularidade é um quesito fundamental para o sucesso nos investimentos. Se esse é seu caso, tente classificar as emergências passadas em níveis de seriedade e inclua a categoria “imprevistos” nas contas de todo mês. Há algo previsível em relação aos imprevistos: eles continuarão acontecendo. Investidores habilidosos aprendem a driblar esses problemas. “Não gasto primeiro para ver o que sobra depois. Primeiro, separo o que quero poupar, depois decido como gastar o resto”, afirma a aposentada Eliane Gonçalves, que desfruta um patrimônio construído com investimentos em fundos, previdência e imóveis. Ela aprendeu a ser organizada com os pais – e com as dificuldades. Quando os quatro filhos eram pequenos (hoje eles têm de 31 a 38 anos), as contas eram apertadas. “O dinheiro era contado. Na lista do mercado, eu colocava o produto e quanto podia gastar nele. No final, a conta tinha de bater”, diz.

• Percepção seletiva. Essa é uma marca dos otimistas emocionais e, frequentemente, do gastador que confia no sucesso. Ele tende a enxergar apenas aquilo com que já concorda e age como se as situações boas durassem para sempre. Pode se tornar um otimista mais racional se adotar um exercício regular: expor-se a opiniões contrárias e análises que incluam cenários diversos.

• Impulsividade. Talvez a característica mais comum entre os gastadores seja a alta propensão a decidir por impulso. Eles têm baixa resistência à frustração e frequentemente seguem a manada de conhecidos ao comprar o que está na moda. Se você se reconhece nessa descrição, em vez de confrontar seus impulsos, evite colocar-se em situação de risco. Sabe-se que quem paga o supermercado com cartão de crédito tende a comprar mais supérfluos.

• Paralisia por excesso de opções. Quem tem dinheiro guardado tem hoje muitas possibilidades de investimento, nem todas fáceis de entender. Uma reação possível é manter o dinheiro rendendo pouco. Uma sugestão: deixe de buscar a escolha perfeita e comece com escolhas apenas satisfatórias. Diversifique os investimentos das opções mais simples para as mais complexas.

• Aversão à perda. O arrepio de repulsa diante da possibilidade de perder dinheiro é comum a todos. Mas quem não perde dinheiro nunca está, provavelmente, investindo mal. O poupador interessado em expandir realmente seu patrimônio precisa avaliar se está seguindo no rumo desejado ou se é preciso correr um pouco mais de risco. O segredo para enfrentar a aversão à perda é experimentar o risco aos poucos.

• Congelamento de decisões. Escolhas podem ter sido ótimas para certa altura da vida ou determinado cenário. Mesmo assim, precisam ser reavaliadas periodicamente. Todo poupador tem de fazer um “teste de realidade” com suas decisões financeiras antigas – confrontar o passado e o presente, as necessidades passadas e futuras. É possível ser fiel a uma estratégia, mas atualizar os meios para segui-la.

Não dá para garantir que seguir essas dicas baste para ficar milionário. Mas é bem provável que, se alguma delas conseguir despertar novos hábitos, já seja possível que você poupe mais, melhor – e, em vez de se arrepender por gastar demais no presente, tenha certeza de que seu “eu futuro” não vai se arrepender de ter desperdiçado esta fase de ouro da economia brasileira.

Para poupar bem

Evitar dívidas, fazer sobrar dinheiro e investi-lo bem é um processo que exige atitude e informação. Algumas dicas práticas para quem precisa de orientação sobre o que fazer com o dinheiro

1 - Dinheiro emprestado, quase sempre um mau negócio
Nunca trate o limite do cartão de crédito e o do cheque especial como se fossem parte de sua renda. Se precisar usar o cheque especial por mais do que poucos dias, prefira pedir um empréstimo ao banco. Os juros são menores.

2 - Para começar, a velha e confiável caderneta
Consultores financeiros costumam desprezar a caderneta de poupança – ela realmente não oferece rendimentos que superem com folga a inflação. Como primeiro meio de guardar dinheiro, porém, ela supera com vantagens os títulos de capitalização. Se for o caso, junte dinheiro na poupança até ter o suficiente para investir no Tesouro Direto (e deixar o dinheiro “preso” lá por algum tempo) ou num fundo de renda fixa com taxa de administração baixa.

3 - Em busca de fundos de renda fixa bons e baratos
Entre fundos de renda fixa, o mais importante é procurar taxas baixas, inferiores a 1,5%. É normal que investimentos iniciais pequenos, abaixo de R$ 5 mil, só sejam admitidos em fundos com taxas altas. Evite, porém, aplicar primeiro num fundo com taxa alta e depois ir transferindo o dinheiro para fundos com taxas mais baixas, porque isso manterá alta a cobrança de Imposto de Renda (ela cai com o tempo de permanência no mesmo fundo). Tente acumular dinheiro suficiente até poder começar num bom fundo – ou vá para o Tesouro Direto.

4 - A febre e a pegadinha do Tesouro Direto
Com cerca de R$ 100 é possível começar a comprar títulos públicos pelo Tesouro Direto e escolher prazos e rendimentos que combinem com o que você planeja. A limitação é a liquidez. Como o valor dos títulos flutua, vendê-los antes do prazo para transformá-los em dinheiro pode ser mau negócio. Isso significa que o dinheiro tem de ficar “preso” lá por um tempo. Comece com prazos mais curtos, depois experimente os mais longos.

5 - Prefixados? Só se você quiser apostar
Tanto entre fundos de renda fixa quanto em títulos no Tesouro Direto é possível encontrar opções prefixadas – aquelas em que as taxas de retorno são fixadas na compra. Essa é uma estratégia mais arriscada que os pós-fixados. Só tem sentido para quem quer apostar que, até o fim do prazo do investimento, as taxas de juros serão menores do que as que o mercado prevê no momento da aplicação.

6 - A primeira vez com renda variável
Quem não está endividado, tem dinheiro guardado para emergências e consegue admitir risco maior que o dos prefixados pode começar a aplicar em ações. Isso pode ser feito com um fundo de investimentos (normalmente, num banco), com um fundo de índices (ou ETF, numa corretora) ou com a compra direta dos papéis (por meio de uma corretora). Para iniciantes, é uma boa ideia começar com os fundos.

7 - O que fazer com aqueles 12%
Os planos de previdência do tipo PGBL são indicados para quem recebe pelo menos R$ 100 mil (tributáveis) por ano. Eles permitem que 12% da renda anual não seja tributada. Mas o investimento todo só vale a pena se esse dinheiro for reinvestido.

8 - Perto do destino, é melhor começar a frear
Planos de previdência privada podem ter até 49% em ações. Quem faz essa opção deve reduzir gradativamente a fatia de renda variável, conforme se aproximar o momento de resgatar e usar o dinheiro. Ao fazer o resgate, a opção mais segura é escolher que parte do dinheiro será convertida em parcelas mensais.