quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Comprar ou alugar um imóvel?

O que você faria se tivesse R$ 1.500.000,00 para investir? Uma afortunada leitora do Blog deixou um comentário em nosso artigo Rentabilidade passada do Tesouro Direto, que gostaríamos de compartilhar com vocês:

"Agradeço a iniciativa e paciência de vocês conosco. Terei uma boa quantia para investir, mas não tenho a menor ideia onde. Por exemplo: alugo um apartamento novo em vez de comprá-lo por R$ 1.500.000,00 e invisto esse dinheiro em LTNs ou outros títulos do governo? Nesse caso, a locação é mais interessante que a compra, considerando os rendimentos?"

Como tudo em finanças a resposta é: depende.

Os preços dos imóveis no Brasil, na média, subiram muito nos últimos anos. Muita gente séria tem apontado que algumas cidades brasileiras estão vivenciando uma bolha imobiliária, ou seja, que os preços dos imóveis estariam acima do seu valor econômico. SE ISSO FOR REALMENTE VERDADE, de fato não vale a pena investir em imóveis neste momento, pois, você estaria investindo em um ativo com pouco ou nenhum potencial de valorização no curto e médio prazo.

Mas (e sempre há um mas), não é nada fácil descobrir se a tal bolha imobiliária existe ou não. Nenhum economista sério pode afirmar categoricamente isso. Mas há alguns indícios que podem evidenciar que as coisas estão fora de seu devido lugar. Um desses indícios (mas não o único) que a razão “valor do aluguel/ preço do imóvel”. Caso essa razão esteja abaixo de 0,50%, pode ser que o preço do imóvel esteja além do razoável.

Aqui em Brasília, por exemplo, encontramos apartamentos de três quartos em excelentes bairros pagando um aluguel que é, na melhor das hipóteses, equivalente a 0,25% do valor do imóvel (para fazer essa conta, basta dividir o valor do aluguel pelo valor do imóvel). No caso específico de Brasília, é possível alugar por R$ 2.500,00 ao mês imóveis que são anunciados para venda por R$ 1.000.000,00 (R$ 2.500,00 / R$ 1.000.000,00 = 0,005 = 0,5%).

Bem, os mesmos R$ 1.000.000,00 investidos hoje na mais simples aplicação financeira, a nova poupança, garante um rendimento mensal, isento de Imposto de Renda, de R$ 4.100,00 (0,41% ao mês, que equivale a 70% da Selic, que hoje está em 7,25% ao ano). Ou seja, se você for preguiçosa e não quiser investir seu tempo estudando uma melhor forma de remunerar meu dinheiro (algo que não recomendamos) e resolve aplica-lo integralmente na nova poupança, conseguirá pagar o aluguel com os rendimentos auferidos e ainda sobrará R$ 1.600,00 por mês para reinvestimento. Não lhe parece um bom negócio?

Porém, SE A TAL BOLHA IMOBILIÁRIA NÃO EXISTIR, saiba que os imóveis, no longo prazo, tendem a se valorizar e, no mínimo, a superar o valor da inflação. Algo que a nova poupança não vem garantindo.

Dito isso tudo, vamos às minhas recomendações:

Recomendação n.º 1: invista seu tempo para aprender um pouco mais sobre finanças.

Com uma bolada de R$ 1.500.00,00 na mão, certamente não faltarão palpiteiros de plantão para te “ajudar”. Vai ter muito amigo da onça dizendo para você “apostar” tudo na bolsa. Você vai encontrar vários gerentes de banco oferecendo “maravilhosos” CDBs ou então títulos de capitalização (eca!). Vai ter aquele amigo corretor de imóveis dizendo que tudo o que eu escrevi é baboseira, que bom mesmo é imóvel. Tem também aquela amiga da academia que entre um abdominal e outro lhe diz que está encantada com os tais fundos imobiliários. E o que dizer daquele parente distante, que só confia na velha e boa caderneta de poupança?

Sabe qual é o melhor investimento de todos? Invista seu tempo para aprender um pouco mais sobre as finanças pessoais, os investimentos disponíveis no mercado, suas características, seus riscos, a tributação de cada um deles etc. Não querendo puxar a sardinha para o nosso lado, o Blog ABC do Dinheiro é um excelente começo. Mas há muitas outras fontes de informação excelentes (algumas gratuitas) na internet e nas livrarias. Basta garimpar.

Recomendação n.º 2: diversifique seus investimentos.

Não invista seu rico dinheirinho em um único investimento, pois, neste caso estará concentrando todo seu patrimônio em um único risco (seja ele imobiliário, de juros, de mercado etc.). Para saber um pouco mais sobre as vantagens da diversificação, sugiro a leitura do artigo Por que diversificar. Ou: devo colocar todos os ovos na mesma cesta?

Se os tais R$ 1.500.00,00 que você tem são toda a sua riqueza, separe uma parte para emergências e invista em ativos altamente líquidos (CDBs, fundos DI, poupança etc). Outra parte pode der aplicada em renda fixa, seja através da compra de títulos públicos no Tesouro Direto, seja através de um bom fundo de investimento. Com os recursos que você tem, não será difícil encontrar boas opções de fundos com taxas reduzidas. Para o longo prazo, não deixe de considerar os produtos de previdência (PGBL ou VGBL, dependendo da sua opção de tributação pelo Imposto de Renda) e até a renda variável (ações, ETFs ou fundos de investimento).

Recomendação n.º 3: investimento em imóvel.

Caso você esteja convencida em comprar um imóvel, sugiro a leitura artigo O imóvel como investimento, aqui mesmo do Blog, bem como a leitura do livro Seu Imóvel: Como Comprar Bem, do Mauro Halfeld, já resenhado pelo Blog (aqui).

Ainda sobre a aquisição de imóveis, caso seja esta a sua opção, pense na possibilidade de adquirir um ou mais imóveis de menor valor (apartamentos menores, lojas, salas comerciais, quitinetes), ao invés de um único imóvel com valor de R$ 1.500.000,00, pois:

  • imóveis menores costumam ter um aluguel proporcionalmente maior;
  • a vacância de imóveis menores costuma ser também menor; e
  • no caso de necessidade, imóveis menores são mais fáceis de vender.

 Artigo escrito por Flávio Girão Guimarães.