terça-feira, 20 de maio de 2014

Bolha imobiliária

Diante do expressivo e generalizado aumento dos preços dos imóveis nos últimos anos, surge a pergunta: tais preços são sustentáveis? Ou estamos diante de uma bolha no preço dos imóveis, ou uma bolha imobiliária?

Como vimos no artigo Por que os preços dos imóveis sobem tanto?, há razões econômicas para o aumento do preço dos imóveis nos últimos anos. Entretanto, um movimento racional e “explicável” do aumento dos preços de imóveis acaba atraindo o interesse de investidores e especuladores, cujo interesse reside unicamente na possibilidade de obter lucro na compra e revenda de um imóvel.

Então são os “terríveis” e “malvados” investidores e especuladores que geram as bolhas imobiliárias? Não! Dizemos que os especuladores e investidores costumam “surfar” ondas de preços, mas não são eles que as criam.

Mas afinal de contas, o que é uma bolha imobiliária? O termo bolha foi cunhado para designar situações onde os preços de determinados ativos não são sustentados por fatores reais, mas por movimentos especulativos, como se os preços estivessem sendo sustentados por bases frágeis, tais como uma simples bolha de sabão.

Quando de fato existe uma bolha e, quando tal bolha estoura, não há sustentação dos preços, que caem rápida e subitamente. Apesar de todos os esforços, os economistas ainda não descobriram uma fórmula confiável para detectar uma bolha em formação. Aliás, se fosse possível detectar uma bolha em formação, dificilmente ela se sustentaria (ou surgiria).

O investidor profissional e/ou que tem tempo dedicado para acompanhar de perto um mercado ou ativo que supostamente tem seus preços sustentados por uma bolha pode até ganhar muito com as oscilações de preço. Mas, quem não tem conhecimento e/ou tempo deve evitar tais ativos, para não sair no prejuízo, caso uma bolha venha a estourar.

No caso dos imóveis, meu conselho é o seguinte: caso você esteja procurando um imóvel para morar ou para trabalhar, não se preocupe com possíveis bolhas. Sua preocupação deve limitar-se a escolher um bom imóvel e adequar sua escolha à sua capacidade de pagamento, de forma responsável e prudente. Neste caso, você não está comprando um investimento, mas uma moradia ou um local para trabalhar. Depois da compra, não se preocupe com possíveis oscilações do valor do seu imóvel.

Já se você quer investir em imóveis, minha sugestão são os fundos de investimento imobiliário (FII), que permitem que você invista no setor mobiliário sem os custos envolvidos na compra de uma loja ou um apartamento, tal como corretagem, reforma, imposto de transmissão, etc. Os FII também permitem uma ampla diversificação (por tipo de imóvel, localidade etc.), que não é possível com a aquisição de um imóvel. Para saber um pouco mais sobre o funcionamento dos FII, clique aqui.

Artigo escrito por Flávio Girão Guimarães.

Outros artigos sobre imóveis:

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Análise Técnia: Teoria Dow

O índice Dow Jones tem este nome em homenagem a Charles Dow e Edward Jones, que viveram nos E.U.A no final do século XIX. Em 1903, um ano após a morte de Charles Dow, suas idéias foram compiladas em um livro chamado “ABC of Stock Speculation” (ABC da especulação em ações). Em 1932 foi lançado um livro intitulado “Dow Theory” (Teoria Dow), que trazia os princípios da Teoria Dow.


Estes princípios serviram de base para diversas outras teorias lançadas no campo da Análise Técnica. Os princípios são:
  • Os índices descontam tudo.
A oferta e demanda por determinado ativo é influenciada por todas as informações acessíveis pelos participantes de mercado. Como os preços dos ativos são afetados pela relação da oferta com a demanda, o preço reflete um consenso, mesmo que momentâneo, dos participantes deste mercado, que levam em consideração todas as informações disponíveis no momento de sua tomada de decisão. “Os gráficos descontam tudo!”.
  •  O mercado se move em três tendências.
Para Dow, uma tendência de alta seria caracterizada por topos e fundos ascendentes e uma tendência de baixa seria caracterizada por topos de fundos descendentes.
As três tendências são: primária, secundária e terciária. A tendência primária é a principal, mais longa e a mais importante das tendências. A tendência primária, segundo Dow teria uma duração superior a um ano, podendo durar alguns anos. A tendência secundária, ou intermediária, representa correções na tendência principal e, geralmente, dura de três semanas a alguns meses. Estas correções geralmente corrigem o movimento prévio entre 1/3 a 2/3. Na maior parte corrige em 1/2. A tendência terciária é a mais curta, com duração menor que três semanas e são correções na tendência secundária.

No gráfico ao lado, a tendência A é a maior, mais demorada e mais importante de todas, a tendência primária. A tendência B é a secundária e representa as correções dentro da tendência primária. As tendências terciárias, de menor duração, são representadas pelas setas menores e representam as correções dentro da tendência secundária.
  • As tendências mais longas possuem três fases.
A primeira fase é a da acumulação e é caracterizada pela entrada de investidores astutos e bem informados na direção contrária a tendência de mercado. Começam a comprar quando, em uma tendência de baixa, o pessimismo do mercado atinge o seu auge. A segunda fase é a fase da participação da massa, quando as notícias melhoram e os rallys de mercado ganham força, é nesta fase que os trend-followers (seguidores de tendência) começam a tomar posição. A terceira e última fase é a distribuição, onde as notícias a favor da tendência atingem seu auge e onde a participação do público cresce junto com o volume. Durante esta última fase, os investidores astutos e bem informados começam a realizar lucros e se desfazerem de suas posições.
  • Princípio da confirmação.
Este é o princípio mais difícil de se compreender. Na época de Chales Dow existiam dois índices: Industrial e de Ferrovias. O princípio da confirmação diz que a tendência deve ser confirmada por, pelo menos, dois índices de formulações diferentes. Assim, uma tendência no índice industrial deveria ser confirmada por uma tendência na mesma direção no índice de Ferrovias.
  • O volume deve confirmar a tendência.
Em uma tendência de alta, quando os preços sobem, os volumes devem subir também e quando os preços recuarem, os volumes devem recuar também. Esta regra do volume é mais importante nas tendências de alta.
  • Uma tendência somente acaba quando dá sinais definitivos de sua reversão.
Enquanto houver topos e fundos ascendentes, caracterizando uma tendência de alta, ou topos e fundos descendentes, caracterizando uma tendência de baixa, estaremos dentro de uma tendência. Esta tendência somente será revertida quando houver falha nestas sequências, como no gráfico abaixo:

O ativo ao lado vinha de uma tendência de alta, com topos e fundos ascendentes, até que fez um topo (topo B) mais baixo que o topo anterior (topo A). O sinal de reversão (reta pontilhada) foi dado quando o fundo anterior foi perdido.
Este é o primeiro de uma série de textos que explicará os principais conceitos de Análise Técnica e as suas aplicações no mercado de ações brasileiro. Nos próximos textos mostrarei as diferentes representações gráficas utilizadas pelos analistas técnicos, como identificar uma tendência, suportes, resistências, padrões de reversão, padrões de continuação, as médias móveis entre outras ferramentas de AT. Até a próxima!