quinta-feira, 24 de março de 2016

Qual o impacto da inflação sobre o seu salário e seus investimentos?


Mexe com quem está quieto?
No último texto da série sobre a inflação, vamos descrever o impacto da inflação sobre o seu salário e nos seus investimentos. Como vimos no artigo Inflação: como calculamos?, os índices de inflação refletem o aumento do custo de vida. Em outras palavras, eles refletem o quanto os produtos e serviços que você consome subiram, em média, em um determinado período.

Supondo que um determinado índice de inflação tenha subido 10% em um ano, isto quer dizer que a cesta de produtos e serviços que compõem tal índice subiu, em média, 10%. Para saber qual o impacto sobre o seu salário, o cálculo é relativamente simples:

Novo poder de compra = Salário x (1 + aumento no período) / (1 + inflação no período)

Vamos a um exemplo prático: a 12 meses atrás, o salário de José era de R$ 2.000,00. Durante o ano, José teve o salário reajustado em 3%. Nesse mesmo período a inflação acumulada foi de 6%. Qual o impacto da inflação no salário de José?

O salário de José, após o ajuste de 3% passou a ser de R$ 2.060,00.

Novo poder de compra = R$ 2.000,00 x (1 + 3%) / (1 + 6%)

Novo poder de compra = R$ 1.943,40.

Como devemos interpretar tal resultado?

O salário de José, mesmo após um aumento nominal de 3% (R$ 2.060,00), tem hoje a capacidade de adquirir menos produtos e serviços do que tinha há 12 meses. Ou seja, o salário de José sofreu uma perda real neste período de R$ 56,60 (R$ 2.000,00 – R$ 1.943,40).

Por outro lado, suponha que a inflação no período tenha sido de 1%. Nesse caso, teremos:

Novo poder de compra = R$ 2.000,00 x (1 + 3%) / (1 + 1%)

Novo poder de compra = R$ 2.039,60.

Agora, dizemos que José teve um aumento nominal de 3% (R$ 2.060,00) e um aumento real (descontada a inflação) de R$ 2.039,60. Ou seja, José teve um ganho real de R$ 39,60 (R$ 2.039,60 – R$ 2.000,00).

Portanto, ao analisar a evolução do seu salário ao longo do tempo, lembre-se sempre de descontar o valor nominal pela inflação do período.

O mesmo raciocínio pode ser replicado facilmente ao mundo dos investimentos financeiros. Suponha que você invista R$ 1.000,00 em uma poupança e outros R$ 1.000,00 em títulos públicos, adquiridos no Tesouro Direto, no primeiro dia útil do ano.

Após um ano, seus investimentos somaram R$ 2.180,00 (R$ 1.060,00 da poupança e R$ 1.120,00 do Tesouro Direto). Pergunta: qual foi o ganho real da sua carteira e o ganho real de cada um dos seus investimentos? Suponha que a inflação acumulada no período foi igual a 6,50%.

Ganho Nominal = Valor Atual / Valor Original - 1
Ganho Nominal da carteira = R$ 2.180,00 / R$ 2.000,00 – 1 = 0,09 (ou 9%)
Ganho Nominal poupança = R$ 1.060,00 / R$ 1.000,00 – 1 = 0,06 (ou 6%)
Ganho Nominal Tesouro Direto = R$ 1.120,00 / R$ 1.000,00 – 1 = 0,12 (ou 12%)
Ganho Real = (1 + Ganho Nominal) / (1+ Inflação no período) - 1
Ganho Real da carteira = 1,09 / 1/065 - 1 = 0,0235 (ou 2,35%)
Ganho Real da Poupança = 1,06 / 1,065 - 1 = - 0,0046 (ou -0,46%)
Ganho Real Tesouro Direto = 1,12 / 1,065 – 1 = 0,0516 (ou 5,16%)

Ou seja, a carteira como um todo teve um aumento real de 2,35% no período, divididos na poupança, que teve uma perda real de -0,46% e no Tesouro Direto teve ganho real de 5,16%.

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