segunda-feira, 18 de abril de 2011

Financeiro: Cofrinho Cheio


Por Felipe Floresti e Juliana Jadon, para a revista Financeiro

Mais do que para incentivar a economia e o investimento, a educação financeira entra na vida do cliente bancário para combater o endividamento


Na planilha de gastos do mês está o carro financiado em 80 vezes, a casa adquirida em 30 anos, o aluguel do contrato de dois anos, o condomínio, a escola dos filhos, o gasto do mercado, o pagamento da diarista, o convênio médico da família, a TV paga... A lista parece não ter fim ao pai de família e a soma de despesas dessa vez não coube no seu orçamento mensal! A situação é comum. No País, cerca de 80% das pessoas dizem manter controle de seus orçamentos, mas uma em cada duas já passou, no mínimo, por algum aperto no final do mês.

Especialistas em educação financeira alertam: a expansão do crédito é boa para a economia, mas é preciso ter cuidado. A facilidade na obtenção de financiamento e empréstimo pode se tornar uma armadilha para o consumidor, que na ânsia de comprar o produto desejado, pode se endividar.

Segundo peritos em educação financeira, não existe segredo miraculoso como solução. A saída é simples: planejamento e controle dos gastos. O diretor adjunto de produtos e financiamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, dá a velha dica: "Pegue o orçamento e faça uma planilha para pregar na porta da geladeira e olhar e se espelhar diariamente".

Simples, mas não fácil. Para manter a conta bancária no azul, o consumidor precisa saber exatamente para onde foi cada centavo que gastou, seja em pequenas ou grandes despesas. "Sempre aparece uma viagem para a praia, um bom vendedor que oferece aquela TV de LCD em 80 vezes. É muito fácil pegar um crédito, então as tentações são grandes", conta.

Segundo Vian, no caso de financiamentos de longo prazo, para a aquisição de um item de valor elevado, o consumidor deve calcular uma reserva de dinheiro e se prevenir ainda para possíveis eventualidades. Um estudo realizado pela Febraban aponta que a maioria da população vive no "fio da navalha", ou seja, calcula os gastos de longo prazo para que caiba exatamente no salário do final do mês se esquecendo que invariavelmente os preços de despesas com IPTU, IPVA transporte público e aluguel sobem antes do salário. O que cabe hoje no bolso pode deixar a carteira vazia em seis meses.

Quando a situação aperta, o perigo então e o uso de serviços de crédito de curto prazo dos bancos. Segundo o especialista, cheque especial só deve ser utilizado em casos extremos e por poucos dias. Caso seja inevitável, o ideal é procurar seu banco e solicitar o refinanciamento da dívida e juros mais baixos.

Já com o cartão de crédito, de acordo com ele, o segredo é sempre pagar o total da dívida. Se realizar somente o pagamento mínimo, quando perceber o valor gasto com o pagamento de juros já terá superado o valor da compra.

Segundo Vian, para um indivíduo manter as finanças em dia ele não deve evitar o consumo, mas fazer isso com cuidado e planejamento. "Comprar é bom, é progresso. A pessoa fica satisfeita em consumir, gera emprego, impostos, a economia anda", diz. "mas a receita não aumenta de acordo com as despesas, então não tem jeito. Tem que tirar de um lado para por do outro".

Para facilitar a vida do cliente bancário, a Febraban investiu R$ 7 milhões e lançou o portal http://www.meubolsoemdia.com.br/ Lá, por meio de um simulador de compras, o consumidor pode planejar gastos, obter informações sobre o uso consciente do dinheiro e a respeito de produtos e serviços bancários. Jogos interativos também estão disponíveis no website do federação para incentivar o consumo consciente. Não faltam incentivos para economizar o dinheiro e encher o cofrinho. Agora só depende do próprio consumidor.

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