Desde que entrei no mercado de previdência, sou frequentemente questionado sobre como escolher o produto correto para complementar a aposentadoria e garantir um futuro tranquilo. Já abordei no texto Planos de Previdência – por que é tão difícil entender?, a dificuldade de decidir sobre o melhor plano de previdência, pois são muitas as variáveis para uma “pessoa normal” decidir.
Como os produtos de seguros e previdência são muito complexos, vamos tratar com detalhe esse assunto, com o objetivo de ajudá-lo a entender melhor esse mercado e facilitar a escolha mais adequada à sua realidade. Contudo, para tentar minimizar a ansiedade de esperar por todos os textos sobre o tema, vou propor uma forma simples de escolher seu plano de previdência. Esse modelo não tem por objetivo esgotar o tema, mas deve atender sua necessidade em 90% dos casos.
Para escolher bem um plano de previdência, é importante responder 5 (cinco) perguntas:1. Preciso de Previdência Complementar?
- Você tem projetos financeiros para horizontes de tempo superiores a 5 anos ou precisa de uma renda para complementar/substituir a previdência social ou quer planejar sua sucessão; PRECISA
- Você tem projetos financeiros de curto prazo, não precisa de uma renda para complementar/substituir a previdência social e não quer planejar sua sucessão; NÃO PRECISA
2. Um produto para acumular (PGBL/VGBL) ou receber benefício (PRI)?
- Já tenho dinheiro acumulado e quero transformá-lo em renda; PRI
- Tenho que acumular recursos para o futuro; PGBL/VGBL
3. Devo comprar um VGBL ou PGBL?
- Preencho a declaração completa de Imposto de Renda (IR) e sou contribuinte da previdência social; PGBL
- Preencho a declaração simplificada de IR ou sou isento ou não contribuo para a previdência social; VGBL
- Em alguns casos de renda tributável elevada, vale a pena mudar o modelo de declaração de imposto de renda da simplificada para a completa, buscando o benefício tributário do PGBL;
4. Devo aplicar em Renda Fixa ou Variável?
- Posso precisar do dinheiro no curto/médio prazo (menos de 5 anos) ou sou muito conservador (não aceito ver uma redução nos meus investimentos ao final de 1 mês); RENDA FIXA
- Não vou precisar do dinheiro no curto/médio prazo, mas não aceito uma redução grande nos meus investimentos ao final de 1 ano; menos de 30% em RV
- Sou investidor de longo prazo e aceito de forma tranqüila uma queda grande nos meus investimentos, pois acredito em uma futura recuperação; mais de 30% em RV
- Se não quiser fazer ajustes no percentual de renda variável com o passar do tempo (quando se aproxima o prazo para resgate ou benefício), busque produtos de Ciclo de Vida (onde o percentual aplicado em renda variável reduz a medida que se aproxima a data escolhida para sair);
5. Devo escolher a Tabela Progressiva ou Regressiva de Imposto de Renda?
- Posso precisar do dinheiro no curto prazo (menos de 5 anos) e/ou acredito que estarei isento de IR (sobre renda) no momento do resgate ou benefício; PROGRESSIVA
- Não precisarei do dinheiro no curto prazo e devo estar nas faixas de renda mais elevadas de IR (sobre a renda) no momento do Resgate ou Benefício; REGRESSIVA
Após responder essas perguntas, você será capaz de decidir qual plano de previdência adquirir. Nos próximos textos, trataremos com mais detalhe cada um desses temas, permitindo entender melhor o produto, facilitando a escolha das melhores condições e da melhor seguradora para sua previdência.
Artigo escrito por Pedro Borges Neto, CFP
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Parabéns pelo artigo. Muito bom.
ResponderExcluirMétodo direto e simples que ajuda muito na escolha de um plano de previdência.
1) Todos os planos VGBL permitem que você altere a composição do fundo ao longo do período de acumulação, calibrando a percentagem de renda variável?
ResponderExcluir2) Quero plano para 35 anos, e hesito entre uma RV15, RV30 ou RV49. Vai que quando eu for receber o benefício tenha crise e prejudique a renda variável do meu plano!
Caro Anônimo,
ResponderExcluirOs planos de previdência complementar (PGBL/VGBL) permitem que você, ao longo do prazo de diferimento (quando você está acumulando recursos) altere livremente o gestor e a característica do plano.
Por exemplo: hoje você tem um VGBL da Empresa A, aplicado integralmente em renda fixa. Suponha que você esteja insatisfeito com a Empresa A ou considere que esse é o melhor momento para aplicar em renda variável, o que fazer?
Você pode (e deve) procurar um VGBL, com investimento em renda variável, que tenha uma boa rentabilidade e que lhe cobre as menores taxas possíveis (carregamento, administração e saída).
Feita a escolha, você se dirige à empresa que oferece tal PGBL e solicita a portabilidade do seu plano.
Lembre-se que todo plano de previdência tem uma prazo de carência mínima (salvo engado, 60 dias), ou seja, você pode realizar tal procedimento, INDEFINIDAMENTE, a cada 60 dias.
Ou seja você PODE fazer a qualquer momento (durante o diferimento):
- portar os seus recursos para um plano com taxas menores;
- alterar a característica do plano (renda fixa, renda variável etc);
- alterar a empresa de previdência complementar;
- alterar o prazo de diferimento (quando vence o plano);
- alterar os beneficiários;
- alterar a forma de recebimento da previdência.
O que você NÃO pode fazer:
- migrar de PGBL para VGBL (ou vice-versa);
- migrar da tabela regressiva para a tabela progressiva de IR.
Esperamos ter ajudado.
Atenciosamente,
ABC do Dinheiro