quinta-feira, 5 de maio de 2011

Previdência Complementar: não tema!


O brasileiro é desconfiado por natureza quando o assunto é investimento. E não é por menos. Durante os anos oitenta e noventa, várias tentativas frustradas de debelar com as altas taxas de inflação tiveram impactos significativos no bolso de poupadores e investidores. Abaixo, recordo alguns destes episódios e algumas das conseqüências sobre poupadores e investidores:


  • Plano Cruzado (fevereiro de 1986): entre outras medidas, substituição da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), título da dívida pública instituído em 1964, indexador dos títulos públicos, pela Obrigação do Tesouro Nacional (OTN), cujo valor foi fixado e congelado por um ano;
  • Plano Verão (dezembro de 1989): entre outras medidas, modificava o índice de rendimento da caderneta de poupança, e extinguia a OTN, importante fator de correção monetária;
  • Plano Collor (março de 1990): entre outras medidas, confisco de 80% de todos os depósitos do overnight, das contas correntes ou das cadernetas de poupança que excedessem a NCz$ 50 mil (Cinqüenta Mil Cruzados Novos, que equivalem hoje a R$ 8 mil). Os recursos foram congelados por 18 meses, recebendo durante esse período uma rentabilidade equivalente a taxa de inflação mais 6% ao ano.

Apenas com o advento do Plano Real, em fevereiro de 1994, o Brasil iniciou um ciclo de estabilidade financeira e redução dos índices de inflação a níveis próximos aos dos países de economia estável. Acabaram os chamados “pacotes econômicos”, as surpresas indesejadas e inesperadas e as quebras de contrato. Encerrou-se, desta forma, um período conturbado da economia brasileira, mas, muita desconfiança ficou pairando no ar...

Em meados de 2002, oito anos após a edição do Plano Real, o Brasil mergulhou novamente em um período de turbulência econômica, com queda nos investimentos externos, desvalorização expressiva do real frente ao dólar norte-americano e aumento dos índices de inflação. Tal anomalia dos mercados decorria do chamado “risco Lula” ou, em outras palavras, do risco do que poderia acontecer a poupadores e investidores após a posse do novo presidente. Muitos acreditavam na edição de novos planos econômicos, com confisco de poupança, congelamento de preços, alteração no câmbio e outras medidas heterodoxas. Para nossa sorte, nada disso se confirmou. As bases da economia foram mantidas e o país voltou à normalidade econômica.

Essa pequena lembrança histórica nos permite entender porque tantas pessoas se sentem inseguras em aderir a um plano de previdência complementar no Brasil, mesmo com as muitas vantagens que este tipo de produto pode oferecer aos investidores no longo prazo, quais sejam:

  • eliminação do famigerado come-cotas dos fundos de investimento nos quais os recursos estão aplicados (PGBL/VGBL);
  • redução da renda bruta tributável para fins de recolhimento do Imposto de Renda (PGBL); e
  • redução progressiva do Imposto de Renda, incidente sobre os rendimentos dos fundos de investimento nos quais o recursos estão aplicados (PGBL/VGBL).

Com tantas vantagens, por que as pessoas relutam em aderir a tais planos? A resposta é simples, a crença enraizada nos investidores e poupadores brasileiros que os planos de previdência complementar só trazem benefícios no longo prazo e, em um país cujos investidores cresceram aplicando no overnight (aplicação de um dia) e ainda ressentido com a lembrança histórica dos “pacotes econômicos”, deixar o dinheiro “parado” em um plano de previdência no longo prazo parece ser algo impensável. Não deveria.

As vantagens de se aplicar em um plano de previdência já iniciam no momento de sua contratação, e seus benefícios se potencializam no longo prazo. Vamos demonstrar isso no nosso próximo artigo.

Artigo escrito por Flávio Girão Guimarães

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